Da Agência Brasil
Uma operação contra o
crime organizado na Baixada Fluminense cumpriu hoje (7) cinco mandados de
prisão contra traficantes e prendeu outros três em flagrante.
Dois policiais
militares também foram presos em flagrante, e 13 pessoas que tiveram mandado
emitido já estavam presas.
A operação ocorreu em
parceria da Polícia Militar com o Ministério Público do Estado do Rio de
Janeiro e foi batizada de Estado Paralelo, pelo domínio territorial que a
quadrilha exercia na comunidade de Guandu, vizinha ao Arco Metropolitano.
Os criminosos presos
são das facções Comando Vermelho e Amigos dos Amigos, que disputavam o controle
da região de forma violenta, com crimes como extorsão, roubo de carga e
homicídios, além do próprio tráfico de drogas. Ao todo, foram emitidos 31 mandados
de prisão preventiva.
Com interceptações
telefônicas, os investigadores conseguiram constatar que ao menos dois chefes
da quadrilha davam ordens aos criminosos de dentro de presídios.
Nas ligações, a PM e o
MP também identificaram menções a policiais militares que recebiam propina para
garantir a continuidade do tráfico na comunidade.
Entre os 131 mandados
de busca e apreensão, 17 foram cumpridos contra policiais, e dois deles foram
presos em flagrante. Um dos militares estava com um colete balístico irregular
em casa, e outro foi flagrado com uma arma que pertencia à Polícia Rodoviária
Federal.
Segundo a Inteligência
da PM, a disputa das quadrilhas pela região, que ainda conserva características
rurais, começou nos últimos dois anos, com a expansão de traficantes do
Complexo da Pedreira, na zona norte da capital, para o interior.
Pela ligação dos
traficantes com aliados de outras comunidades, foram cumpridos mandados em
favelas como o Complexo da Maré e a Chatuba.
A promotora de Justiça
Angélica Glioche, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco), destacou que os criminosos impunham terror aos moradores da região
ostentando armas.
O uso de armamentos
poderá permitir o agravamento da pena de associação para o tráfico, assim como
a corrupção de dois menores de idade que integravam a quadrilha e a atuação de
integrantes de dentro dos presídios.
Sobre a suposta
participação de policiais, a promotora disse que o assunto poderá ser mais bem
apurado agora que foram apreendidos telefones e anotações na casa dos agentes
públicos investigados.
Coordenador de
Inteligência da Polícia Militar, o coronel Antônio Goulart, destacou que a
operação tenta restaurar a tranquilidade dos moradores da região.
"O Guandu é uma
comunidade da Baixada que tem um aspecto rural e vem sofrendo com a mobilização
de traficantes usando armamentos de guerra, que são oriundos principalmente do
Complexo da Pedreira. Isso tem tirado a tranquilidade dos moradores, e muitos
estão vendendo imóveis", disse o coronel, que considerou que são
importantes os pedidos de prisão contra os criminosos que já estavam presos,
porque alguns já estavam perto de deixar as unidades prisionais.
Mudanças
em operações
A determinação
divulgada ontem pelo secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, de
que os procedimentos em operações policiais deveriam ser revistos teve reflexos
na operação de hoje.
Segundo o coordenador
de inteligência da PM, o cumprimento de mandados no Morro dos Prazeres, na Mangueira
e Vila Cruzeiro foi adiado pela possibilidade de o "dano colateral"
da operação ser maior do que o benefício do cumprimento dos mandados.
O coronel disse que a
opção se deu porque a nova diretriz começou a vigorar no mesmo dia em que a
operação foi deflagrada.
"Acredito que
outras medidas mais efetivas serão adotadas para a gente alinhar com as
diretrizes da nossa secretaria", disse Goulart.
Ele destacou o fato de
que, apesar de ter havido resistência, não houve moradores ou policiais
feridos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário